Demarcações de áreas de quilombos
são suspensas pelo Governo federal

Por tempo indeterminado, o governo federal suspendeu os processos de reconhecimento de comunidades de remanescentes de quilombos. Segundo noticiou a Folha de S. Paulo, o Governo chegou ao entendimento de que somente poderão requerê-lo aqueles que já vivem nessas terras. Ou seja, assim que os processos forem retomados, os pedidos de áreas hoje ocupadas por produtores rurais ou por outros trabalhadores rurais não irão prosperar.

O embargo a novas demarcações ocorre desde dezembro devido a mudanças na legislação definidas em 2007 pelo governo e ainda não editadas por conta de resistência de entidades nacionais quilombolas.

Segundo a Secretaria Especial de Igualdade Racial da Presidência, existem no país 3.524 comunidades de remanescentes de quilombos. Com processos de reconhecimento iniciados (e agora parados), são 1.170.

Em 2007, diante de denúncias de irregularidades e para evitar contestações judiciais, o governo criou um grupo de trabalho sob a coordenação da AGU (Advocacia Geral da União) para tornar o processo mais transparente.

Uma primeira mudança foi a alteração de uma portaria da Fundação Cultural Palmares. O novo texto passou a obrigar que, ao solicitar o certificado de remanescente de quilombo, a comunidade apresente uma ata de reunião na qual a "maioria absoluta" dos presentes tenha aprovado a iniciativa. Antes, a proposta poderia ser apresentada em nome da associação.

O grupo da AGU decidiu preservar esse decreto (que permite a uma comunidade reivindicar o título de quilombo por autodefinição) e propor mudanças numa instrução normativa do Incra que trata do tema.  

Boletim Informativo nº 996, semana de 17 a 23 de março de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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