FAEP pede prorrogação de dívidas
para atenuar crise na pecuária

Com a renda comprometida por causa da suspeita de febre aftosa, pecuaristas de leite e de corte no Paraná aguardam medidas do Governo Federal que possibilitem a continuidade de suas atividades, ameaçadas por dívidas de custeio e investimento. Em ofício enviado ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e ao vice-presidente de Crédito Rural do Banco do Brasil, Ricardo Conceição, o presidente da FAEP, Ágide Meneguette, solicitou a prorrogação das parcelas dos financiamentos, abertura de crédito para retenção de matrizes e garantia de recursos para contratação de créditos de custeio.


   Veja abaixo a íntegra do ofício enviado às autoridades de Brasília.

"A crise deflagrada em outubro de 2005 com a divulgação da suspeita de foco de febre aftosa no Paraná trouxe prejuízos continuados às cadeias de pecuária de corte e leite. Em função do fechamento das fronteiras principalmente com o estado de São Paulo, essas cadeias tiveram interrompida de uma hora para outra uma das principais vias de escoamento de seus produtos.

O efeito imediato foi a queda acentuada dos preços pagos pelo leite e pela arroba bovina que já estavam em patamares inferiores aos praticados no mesmo período de 2004, não obstante o custo dos insumos não tenha parado de aumentar.

Em 2005 a arroba do boi atingiu os menores preços desde 1996 e os produtores de leite enfrentaram queda de 20% no preço começando em plena entressafra.

Grandes compradores internacionais de carnes de aves, suínos e bovinos suspenderam imediatamente as compras do Paraná tão logo a suspeita foi divulgada.

Tal situação colocou os pecuaristas paranaenses em sérias dificuldades econômicas, uma vez que mesmo na melhor das hipóteses o estado voltará ao antigo status sanitário somente 6 meses após tomadas todas as providências exigidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). E daí a recuperar a confiança internacional será mais um longo caminho a percorrer, tão difícil quanto está se mostrando ser o aumento da demanda interna, sobrando carne de aves, suínos e bovinos no mercado interno e mantendo baixos os preços aos produtores.

Neste cenário, frente a brutal queda na renda dos pecuaristas e considerando que:

  • Entre outubro de 2005 e outubro de 2006, nas agências do Banco do Brasil no Paraná estarão vencendo parcelas dos financiamentos de custeio pecuário no valor de R$ 106 milhões, (R$ 90 milhões em custeios de pecuária leiteira e de corte, R$ 6 milhões para avicultura e R$ 10 milhões para suinocultura) segundo valores aproximados estimados pela Superintendência Estadual do Banco do Brasil

  • No mesmo período estarão vencendo parcelas no valor aproximado de R$ 200 milhões referentes a investimentos contratados pelas linhas do Propasto, Moderagro, Prodeagro e MCR 6 2, Finame.

  • Se considerarmos os financiamentos nos demais Bancos que operam com crédito rural esses valores podem até dobrar.

  • Vimos a Vossa Senhoria solicitar providências abrangentes que ampararem o setor pecuário paranaense nesse momento de crise, a saber:

- Prorrogação por um prazo de dois anos do vencimento das parcelas de financiamentos de custeio e investimento vencidas a partir de outubro de 2005 ou vincendas em 2006, contratadas conforme todas as linhas do sistema nacional de crédito rural

- Abertura de crédito para retenção de matrizes

- Garantia de recursos para a contratação de créditos de custeio.


Boletim Informativo nº 895, semana de 16 a 22 de janeiro de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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