JAA quer qualificar jovem para atividade rural

Novo formato do JAA foi apresentado e explicado aos jovens

Durante o Encontro Regional de Jovens Rurais foi apresentado o novo formato do JAA. O supervisor regional do SENAR-PR, Henrique Salles Gonçalves, aproveitou a oportunidade para explicar aos mais de 1.200 jovens presentes a nova divisão do programa e em que isso pode beneficiá-los.

O curso, que antes seguia uma combinação de módulos predeterminada pelas turmas, agora permite que cada participante escolha as atividades em que pretende se qualificar. Assim, o JAA tem um módulo de gestão do agronegócio, comum para todas as turmas, com 144 horas de duração, que trata de desenvolvimento humano e administração agrossilvipastoril.

Na seqüência, o participante pode optar pelo módulo específico de seu interesse, disponível em seis atividades, de acordo com a demanda apresentada durante os anos de funcionamento do Programa: pecuária de leite, mecanização, fruticultura, olericultura, agricultura orgânica e cana-de-açúcar.

A carga horária varia de 42 a 80 horas e as aulas acontecem duas vezes por semana. Os novos módulos específicos estarão em campo a partir do mês de setembro, disponíveis tanto para os participantes que concluírem o módulo de gestão do agronegócio no primeiro semestre deste ano, quanto para os conluintes de anos anteriores que estiverem interessados em participar de um dos módulos.

De acordo com Regiane Hornung, pedagoga do Departamento de Aprendizagem Rural do SENAR-PR responsável pelo Programa, os interessados devem procurar o sindicato de seu município, apresentando certificado de conclusão do JAA. "Em princípio serão disponibilizadas dez turmas por regional. Os módulos serão definidos pela procura que apresentarem", explicou.  Para a pedagoga, o grande diferencial do novo formato é que o jovem pode se qualificar para determinada atividade. "O que se pretende com o esse formato é oferecer mais conhecimentos sobre determinada atividade, qualificando-os para uma profissão".

 Personagens de uma mesma história
Naiara Caroline Cabrera

A passagem de mais de sete mil jovens pelo JAA já rendeu muitas histórias. Boas histórias protagonizadas por instrutores e participantes durante as aulas, visitas técnicas, gincanas e demais atividades promovidas pelo Programa. É isso que impulsiona o Programa e garante sucesso com o seu público. 

Para o instrutor Elson Buaski, que presta serviços para o SENAR-PR e que já deu aulas para mais de 16 turmas do JAA, o jovem é a única alternativa para se promover mudança no campo. "Quando se fala com os jovens, a resposta é rápida. O crescimento do Programa é extraordinário e retorno, espetacular", disse. Para Buaski, um dos grandes méritos do curso é tirar os jovens da inércia. "Eu uso o meu exemplo de jovem do meio rural que teve poucas oportunidades. Não existia JAA naquela época e era meu pai que me incentivava a estudar. Costumo dizer: se eu consegui, por que vocês não vão conseguir?". O instrutor contou que, entre suas turmas, sabe de pelo menos 12 veteranos do JAA que estão cursando Agronomia. "Nós mantemos contato por e-mail. Um dia recebi uma mensagem: fiz vestibular. Depois de algum tempo: professor, passei. É emocionante". 

Os jovens Vanessa Vieira de Jesus, de Roncador, e Aleson Thiago Bonotto, de Nova Cantu já passaram pelo JAA e hoje estão na faculdade. Vanessa cursa Turismo e Thiago, Agronomia. Para Thiago, o Programa representou uma oportunidade de adquirir novas conhecimentos em uma área pela qual ele já tinha interesse. Para Vanessa, foi o ponto de partida para planejar o futuro. "Passei a me envolver no que acontecia na propriedade e o meu interesse, que era fazer Direito, se voltou para o Turismo. Minha idéia é trabalhar com turismo rural", contou. Nos dois casos, segundo relato dos jovens, o JAA foi determinante para a aproximação entre pais e filhos. "Eu cresci no JAA", reconheceu Vanessa.  

Talvez seja esta definição dos papéis na família, de que fala o instrutor Claudinei Ribeiro da Silva, prestador de serviços do SENAR-PR, quando se refere ao Programa. "O JAA coincide com uma fase de dúvidas e revoltas, quando o jovem está se descobrindo e tem cumprido bem a função de orientar.  Tenho muito  orgulho de fazer parte disso", afirmou. 

João Paulo Ribeiro

"A gente está conseguindo transmitir o recado. Eles entram com uma mentalidade e saem com outra", comentou a instrutora Greice Alves, que presta serviços ao SENAR-PR. Para ela, o Programa valoriza a profissão do agricultor, razão pela qual muitos jovens procuram qualificação na área e buscam colocar em prática na propriedade o que aprendem nas aulas. "Os pais, muitas vezes, mudam maneiras ultrapassadas  de administrar a propriedade a partir do que ouvem dos filhos", observou. 

A jovem Naiara Caroline Cabrera, de Campina da Lagoa, ensinou muitas coisas aos pais. "Nós desperdiçávamos muito. Ensinei, por exemplo, a fazer o controle do carrapato e a maneira correta de usar a ordenhadeira". Alessandra Cleópatra Simões, de Anahy, vem de uma família de agricultores e disse que o JAA só aumentou seu interesse pela área. "Quero fazer agronomia. Vou entrar no projeto Cooperjovem, através da cooperativa que atende a minha região". Para o jovem João Paulo Ribeiro, de Farol, o Programa influenciou muito sua formação. "Mudou meu ponto de vista em relação à agricultura. Agora sei que não é só plantar e colher. Envolve muito mais". 

Alessandra Cleópatra Simões

Para a instrutora Vanessa Lermen o Programa provoca uma mudança de atitude em relação à agricultura e à vida. "O grande lance do JAA é que os jovens amadurecem muito em 4 meses". A instrutora também destaca a melhoria no relacionamento entre pais e filhos como um dos trunfos do JAA. "Os jovens começam a levar os pais para dentro do curso, das visitas técnicas. Os pais começam a perceber que os filhos não são mais crianças e estes passam a tratar os pais com mais seriedade", definiu. 

Rosely Petersen Garcia de Godoy, diretora do Centro de Apoio Tayná, em Guarani, distrito de Mamborê, é testemunha dessa mudança de atitude. Contou que no início do curso o grupo que tem aulas no Centro era apático e sem compromisso com nada. "Não tinham responsabilidade nem para colocar o prato que usavam (durante refeição) no lugar", disse. Segundo ela, o tempo e o curso mudaram isso. Hoje é um grupo único e com iniciativa própria. "Recentemente, pediram a cozinha do centro emprestada para fazerem bombons e vender. Isso nos enche de orgulho. Estamos vendo perspectiva de melhora", comemorou.    

Boletim Informativo nº 1009, semana de 16 a 22 de junho de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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