Plano Nacional de Trigo vai permitir
aumento de 25% na produção 

Aumentar em 25% a produção de trigo da safra 2008/2009 é a principal meta do Plano Nacional de Trigo lançado no dia 17 de abril pelo Ministério da Agricultura. Este crescimento vai garantir uma produção de 4,75 milhões de toneladas, o que corresponde a 47% da demanda brasileira. A estimativa de aumento da produção de trigo tem como base a produtividade da safra atual, que é de de 2,1 mil quilos por hectare.  

Entre as medidas do governo de apoio ao trigo, destacam-se o reajuste de 20% no preço mínimo do trigo para a safra 2008/2009; a ampliação do limite de financiamento para custeio das lavouras de trigo de sequeiro para R$ 400 mil por produtor, ou seja, um reajuste de 33%; e a possibilidade de contratação de Empréstimo do Governo Federal (EGF) durante todo o ano, e não apenas no período de safra. As três medidas foram aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no dia 14 de abril.

Estão previstas ainda a criação de uma Linha Especial de Crédito (LEC) para comercialização com taxas de juros de 6,75% ao ano e a garantia de R$ 1,2 bilhão do crédito rural. Com essas ações, o governo pretende reduzir a dependência externa do Brasil em relação ao cereal.  

Estimular a produção de trigo no País é um desafio do Ministério da Agricultura, uma vez que a lavoura de trigo enfrenta grande risco climático. Para minimizar estes efeitos, o Ministério tem realizado estudos de zoneamento de risco climático para os principais estados produtores, inclusive para trigo irrigado nos estados das regiões Centro-Oeste e Sudeste. Conta ainda com subvenção de 60% do valor do prêmio para contratação de Seguro Rural. O alto custo de produção é outro fator que inibe a ampliação da área de trigo no Brasil. A cultura, entretanto, tem papel relevante na produção de soja já que o trigo, ao ser cultivado em sucessão à oleaginosa, mantém o solo fertilizado.

Problema conjuntural - A produção acumulada de trigo no Brasil, entre 2000 e 2007, atingiu 29,2 milhões de toneladas, um volume suficiente para cobrir 36% da demanda nacional pelo cereal que foi de 81,6 milhões de toneladas.  Para complementar o abastecimento, foram importadas 52,4 milhões de toneladas, com custo de US$ 7,8 bilhões. Na safra 2006/2007, a produção brasileira de trigo foi de 3,2 milhões de toneladas e o consumo nacional de 10,3 milhões de toneladas. Ou seja, o País teve  que importar 6,5 milhões de toneladas do cereal.

A partir do segundo semestre de 2007, fatores externos também deixaram a conjuntura desfavorável, como resultado da redução dos estoques mundiais, Houve forte alta de preços da commodity, impulsionada pela quebra de safra de países produtores importantes e pelo aumento do consumo no mundo. Na Europa, houve uma redução de 5 milhões de toneladas na produção e uma queda de 2 milhões de toneladas nos estoques.

Entre as safras 1999/2000 e 2006/2007, o déficit mundial na relação produção/consumo foi da ordem de 63 milhões de toneladas de trigo, cerca de 10% da média anual da produção mundial no período.

Aliado a isso, o custo de produção do trigo aumentou consideravelmente. Desde o segundo semestre de 2006, os preços dos insumos no mercado interno subiram entre 18% e 34%. Essa alta reflete a situação do mercado internacional, que registrou a desvalorização mundial do dólar e, nos países produtores,  um forte aumento do consumo,  principalmente, de fertilizantes.   

Boletim Informativo nº 1002, semana de 28 de abril a 4 de maio de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
  • voltar