CNA quer inserir fosfato bicálcico na
lista de exceção da TEC do Mercosul

Os preços do sal mineral, importante para os ganhos de produtividade da pecuária de leite, praticamente dobraram desde novembro do ano passado, aumentando de R$ 25,00 R$ 50,00 a saca. A razão destes aumentos está relacionada diretamente à elevação dos preços do fosfato bicálcico, responsável por 60% dos custos do sal mineral.  

Por este motivo, a Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pediu à Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que inclua o fosfato bicálcico e o ácido fosfórico na lista de exceção da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, com alíquota zero. Para o presidente da Comissão da CNA, Rodrigo Alvim, seria a única maneira de aumentar a concorrência, freando estes aumentos que atingem diretamente o custo da nutrição animal.  

Segundo Alvim, suprimir o sal mineral da alimentação do rebanho pecuário não é solução para o problema, pois compromete o desempenho da produção de leite brasileira. Sem sal mineral, as vacas passam a apresentar problemas reprodutivos, aumentando o intervalo entre os partos e reduzindo a produção e a produtividade do leite. "A boa mineralização garante a competitividade do rebanho", diz Alvim, preocupado com a oferta de sal mineral a preços competitivos ao pecuarista de leite.

Atualmente, há apenas dois fornecedores de fosfato bicálcico no Brasil, principal fonte de fósforo para os sais minerais. Para aumentar a oferta e segurar os preços do produto, o presidente da Comissão quer facilitar as importações do ácido fosfórico e de fosfato bicálcico de fora do Mercosul, que entram atualmente no País com alíquotas de 4% e 10%, respectivamente.  

Apesar das altas nos preços pagos pelo leite, os aumentos dos insumos, principalmente do sal mineral, acabam reduzindo o poder de compra do pecuarista de leite e a sua capacidade de investimento na atividade. Segundo dados dos Ativos da Pecuária de Leite, divulgados hoje pela CNA, o sal mineral subiu 36% de outubro de 2007 a fevereiro deste ano e também estão previstas altas semelhantes para os fertilizantes à base de fósforo.  

O aquecimento da demanda mundial por ácido fosfórico, matéria-prima fundamental para a produção do fosfato bicálcico, principal fonte de fósforo dos sais minerais, é o principal responsável por estes aumentos. O fato de 90% da produção de ácido fosfórico ser utilizada pelos fertilizantes, restando apenas 10% para uso em alimentação animal e humana, agrava ainda mais a situação.  

Há previsão de novos aumentos de 20% a 30% para o fosfato bicálcico para maio. Desde novembro, o preço do produto mais do que dobrou, passando de R$ 800,00 a tonelada para R$ 1.800,00 a tonelada. Os maiores consumidores mundiais de fosfato bicálcico são China, Índia, Estados Unidos e Brasil, que adquirem o produto do Marrocos, Rússia, Tunísia e Jordânia. Não há previsão de aumento da oferta mundial em curto prazo, pois as jazidas existentes já atingiram 95% da capacidade de produção e novas jazidas levariam, no mínimo, quatro anos para se habilitarem a entrar em funcionamento.     

Boletim Informativo nº 1002, semana de 28 de abril a 4 de maio de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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